Sunday, November 05, 2006

Memorias



Acordo com o choro da minha irmã.
A chuva lá fora remete-me ao conforto dos lençóis quentinhos e do novo edredon que a minha mãe comprou na feira.
Ainda sonolenta olho para o lado.
Na cama, a minha irmã resmunga num murmúrio imperceptível, e, pelo ruído de fundo de gatos bebés a miar, compreendo de imediato que está com falta de ar.
O meu pai, já ao seu lado dá-lhe um xarope de sabor amargo que ela rejeita com uma careta, e, com a mão afaga-lhe suavemente os cabelos como quem diz: “Minha menina pequenina”.
Num olhar esguio de quase inveja, remeto-me ao silêncio do meu edredon quentinho. Mas, na minha mente, não deixa de gritar a mesma frase, uma e outra e outra vez…

6 comments:

Anonymous said...

hooo! surpreendeu! particularmente a forte imagem emocional do texto, gotei ;) há memorias permanentes reflexos do intimo longínquo ... bj (continua...)

Anonymous said...

eu gostei particularmente da foto!E um saudar a exorcisaçao (?? ups é assim que se escreve pouquio importa ;)) ... da alma!

Anonymous said...

Senti-me imediatamente transportado para um mundo muito especial, cheio de quentes ressonâncias cheias de passado e futuro, ao mesmo tempo. Parabéns pela concisão!
Beijos

Sandra said...

moço xara: Obrigado pela tua visita, aparece sempre que te fizer sentido. És sempre muito bem vindo!
Fico contente que tenha conseguido transportar-te de alguma forma para esse mundo.
Esta é também uma das minha forma de tentar abraçar mais. :)
Um beijo

Sandra said...

ly: É mesmo assim, pois por mais longínquas que sejam, são sempre memórias!
Continua a aparecer!
Beijos

anônimo: Sim, usas-te bem a expressão: exorcismo da alma!
Acho que é exactamente isso.
Obrigado!

Anonymous said...

De onde é que eu conheço isto??
EHEHEH...espero-te bem mais criativa depois de 4 e de 5 de Novembro. Beijoca