Thursday, June 07, 2007

Nocturnos

Estranhos são os desígnios da vida!
Sento-me na janela a contemplar a noite.
Tudo á volta se desvanece num quadro antigo em largas pinceladas azuis.
-Estás sozinha! – Diz-me o vento em tom de troça, e ri-se!
Rio também... rio ainda mais alto do que ele. Talvez para lhe provar que tudo é apenas um momento e que ainda darei sonoras gargalhadas, em dias em que como agora, ele me soprará aos ouvidos.
Mas não hoje.
Pensei sair e dar um passeio, afinal estou sem sono, e está uma noite bonita. Mas a nostalgia venceu e instalou-se o silêncio.
É bem vindo!
Depois das ultimas semanas de pensamentos gritantes, sabe-me bem sentir-me vazia de tudo, e sentir o vento apenas pela janela.
Este conta-me muitas coisas.
Fala-me dos sonhos e das esperanças, das dúvidas e dos medos dos papões que aparecem apenas de noite, e principalmente numa noite como a de hoje. Traz-me o cheiro do deserto que tenho por atravessar, assim como da floresta onde ainda me refugio. E vem ainda com vestígios do teu perfume...
Olho-me um momento. Sacudo tudo de mim, e fico apenas a contemplar a Lua e a sentir o vazio. Hoje a noite é só minha!